quarta-feira, 27 de março de 2013

EVACI 2013


Após a maratona do Porto em outubro de 2012, as minhas atenções viraram-se para o campeonato europeu de atletismo veterano em pista coberta. Os relatos de amigos e conhecidos que participaram em eventos anteriores aguçaram o meu desejo de participar. As minhas expectativas eram conciliar a componente de convívio com a componente desportiva. Defini como objetivos a quebra de duas barreiras: (i) baixar os 10 minutos aos 3000m; (ii) baixar os 4 minutos e 30 segundos aos 1500m. Foram 17 semanas de treino. Até ao final do ano, as coisas correram bem. Bom desempenho no cross de matos velhos e na são silvestre de lisboa (novo recorde pessoal aos 10 km). Em 2013, por condicionantes externas ao atletismo, a preparação não correu tão bem. Faltou essencialmente trabalho específico para pista e competições (a primeira vez que calcei uns bicos e pisei tartan foi já nos campeonatos nacionais de pista coberta em março).

Viajei para San Sebastian na segunda feira de manhã. O primeiro dia foi de ambientação. Acreditação, levantamento dos dorsais, confirmação da provas a participar e tratar dos aspectos logísticos relacionados com o alojamento.

Na terça feira foi a minha primeira prova, os 3000 metros. Fisicamente senti-me recuperado da mazela (pelos sintomas ter-se-á tratado de um estiramento) que me apoquentou a semana anterior. A prova estava marcada para as 16h40. Cerca de uma hora antes saíu a listagem de participantes. face ao número de atletas (37) a final foi divida em 3 séries. Entre todos os participantes, tinha o pior tempo como recorde pessoal (10.13,9), pelo que não estranhei ter ficado na final C a primeira a ir para pista.

Tinha a esperança que algum dos atletas tivessem dado tempos inventados e que me permitisse fugir ao último lugar. Tal não aconteceu. A prova começou e tentei manter-me no meio do grupo durante as 2 primeiras voltas. O ritmo era demasiado elevado e rapidamente passei para cauda do pelotão. Com um primeiro km em 3'12'' a minha prova estava traçada. Em breve ouviria-se um estouro...Ao fim de cerca de 6/7 voltas fiquei sozinho, e daí em diante foi sempre a perder gás. Terminei com 10.12,20 (32º lugar em 34 participantes, sendo que houve 2 desistentes). Tratou-se de um novo recorde pessoal, mas ficou muito aquém do objetivo de baixar os 10 minutos.

No dia seguinte não competi nem treinei. Na quinta feira senti-me bem. Fiz 6 km em ritmo vivo (3 km a 3'55''-4'00''), técnica de corrida e umas rectas. Na sexta, foi novamente dia de repouso.

No sábado, realizaram-se as meias finais dos 1500 metros. Os atletas foram dividos em 3 séries, tendo como critério de apuramento para final do dia seguinte os 3 primeiros lugares mais os três melhores tempos.

Participei na primeira meia final. Entre os 13 atletas tinha o segundo pior tempo dado (4.42,11). Nas outras duas meias finais não havia com pior tempo que eu, à excepção de um atleta sem marca. Desta vez decidi que não me deixaria influenciar pelo ritmo dos outros. Com a referência dos 18 segundos por cada 100 metros para uma marca de 4'30'', assim que passei aos primeiros 100 metros em 16,8'' decidi refrear o meu passo. Acabei por fazer um autentico contra-relógio em solitário. O atleta que tinha pior tempo que eu nunca se aproximou de mim, e eu não me aproximei dos do grupo da frente. Terminei com 4.37,03 (9º lugar na minha série em 12 atletas sendo que houve 2 desistentes, e no conjunto das 3 meias finais fiquei em 31º entre 36 atletas - 2 desistentes). Não bati o meu recorde pessoal por apenas 13 centésimos de segundo, mas ainda assim registei uma melhoria de cerca 4 segundos e meio face ao tempo que obtive nos nacionais de pista coberta 3 semanas antes.

Por último, no domingo participei no corta mato, na distância de 5 km. Ao contrário das provas de pista, a prova não se realizou no complexo desportivo de Anoeta (casa do Real Sociedad), mas sim no hipódromo de Lasarte, nas imediações de San Sebastian, onde habitualmente se realiza o Cross Internacional de San Sebastian.

Se o domínio espanhol nas provas de meio fundo vinha a ser avassalador, no corta mato parecia mais um campeonato espanho com convidados do que um campeonato europeu. No meu escalão (M35) o domínio foi de tal maneira vincado que nos primeiros 30 atletas, 26 foram espanhois!!!

A minha prova não teve grande história. Tinha a consciência de que havia forte possibilidade de Portugal ganhar uma medalha na classificação colectiva, atendendo a que não parecia que houvesse muitos países para além da Espanha e Portugal que tivesse mais de 3 atletas. No caso de Portugal, para além de mim, apresentaram-se à partida mais 3 atletas vindos de Coimbra. Os três foram nitidamente mais rápidos que eu (ainda tentei seguir junto do 3º atleta português na fase inicial, mas um primeiro km em 3'17'' pôs me em sentido) pelo que não tive hipótese de me intrometer na "luta" para integrar os 3 atletas que contavam para equipa. Parabéns ao Rui Rodrigues, Fernando Carvalho e ao Rui Lopes pela classificação obtida. Fiquei em 58º entre 68 participantes, tendo feito um tempo 19'06'' que ficou abaixo das minhas expectativas iniciais tendo em consideração que o percurso parecia ser rápido em função de ser totalmente plano e na sua maioria ser em relva.

Em suma, como bem sintetizou o meu amigo e companheiro de viagem Ricardo Lemos, estive ao meu nível mas não me superei.`

À parte do meu desempenho desportivo, só guardo boas recordações desta minha primeira participação em campeonatos internacionais de atletismo nos escalões de master, tendo comprovado in loco a existência de verdadeiros super-homens e super-mulheres que provam que a idade não tem de ser um constragimento para fazer desporto, e que se pode ser competitivo até muito tarde sem que isso afecte o desejo de convívio entre os participantes.

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